sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Na menina que se ergue
ao mundo
poema é lágrima
em cada folha de papel
contra a tormenta
palavras se vão
rasgam-se os versos
está aqui, está nela
poema que
sem ele
a vida não presta
está em tudo, está nela
nada mais resta
Eu bem que tento
Eu até muito
Eu já me tonto
E lá na rua
Eu pé na lua
Amor me nua
os braços nos seios
das pernas a língua
já lambe a boca
e chupa
e morde
seu pulso
impulso
é sangue
no dorso
é sim
beijo torto
de um de outro
das mãos
que desejam
puxar os cabelos
deslizar os dedos
de fome de fome
do sexo
em nós
o mesmo
Todas essas ruas são vias do medo
por onde corre a insegurança
à espera da luz
à procura do táxi
para chegar em casa
a salvo do outro
e fechar as janelas
as portas
pensar em mais trancas
mais grades
e cercas
medo do vento que sopra
dos gritos de “pega ladrão”
medo do outro
dos fantasmas do outro na sala

Todas essas janelas são entradas do medo
medo do próximo
que o Estado diz ser igual a mim
que a igreja prega que eu deveria amar
como a mim mesmo
e eu só amo a mim mesmo
só vou salvar a mim
quando o outro chegar
não haverá ideologia
quando o outro chegar
não haverá justiça
quando o outro chegar

Não me vejam covarde
evito caminhos que me levem ao outro
e já não ando sozinho a pensar em tudo
por culpa do outro
dedetizo, faço assepsia do outro
para não morrer
de medo
do medo
do outro.