quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Há olhares mais fraternos
lá onde o rio faz a curva
toca triângulo e zabumba
lá onde o rio faz a curva
uma sanfona agora duas
lá onde o rio faz a curva
tudo que é nó se desarrocha
lá onde o rio faz a curva
e eu descubro o rumo certo
que é pra onde aponta o vento
do rio que faz a curva.
o couro dos tambores vibra no batuque
feito língua de Binidito vibra no glup glup
da cachaça feita no copo torcendo pedra:
pedra que nasceu ônti trás das árvi.
dois real pra vê, ele diz.
Virdadi.
Bebi o carnaval
no amarelo gelado do copo
mergulhado na água do mar
com rio preguiça quente de sol amarelo
do copo gelado mergulhado
na água do mar que vovó disse que cura
só não cura preguiça de bola na areia
passarinho que avoa
vento que me leva.

Itamatatiua

A casa tem chapéu de palha
sorrisos de pau a pique
trancinhas coloridas
pulam corda descalças
soltas pelo quintal
saltam atrás do bicho
galinha voa em cima
do galo em cima
do porco mamando no pato
crianças na terra
barro vira arte
a alma pulsa
nos tambores azuis
Não há nó arrochado
arranhando a garganta
que possa impedir esse retorno
feito corte prematuro do tempo
amarro feito nó de marinheiro
o encanto que por aqui vi
os pedaços de suas terras em mim,
Maranhão.