Percebi ser meio torta
como a árvore envergada
quando adentrei aquela área
em que diziam não ter nada
Eu, assim, admirada
até achei muito absurdo
perceber coisa nenhuma
em um lugar que tinha tudo
Naquela bela verde terra
tinha água, tinha flor
dava fruto mais gostoso
dava o mais puro amor
No galho a desfolhar
bichos apareciam
vento assobiava
orvalho respingava
Não havia medo algum
era uma civilização
contradizia o homem
que vive na perdição
Em clima mais ameno
sem fumaça ou cimento
o mundo andava mais lento
e até esquecia o tempo
Nas ruas, poucas casas
não se via apartamento
puleiro era lugar de galinha
não cabia nem o jumento
Em vez de asfalto e buzinas,
passarinhos em sinfonia
se algum barulho se ouvia
era o rio de águas macias
O dia era na cachoeira
A tarde era fruta do pé
A noite era céu de estrelas
A vida guardava mais fé.
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